Depois da montagem das várias componentes numa oficina de carruagens da baixa lisboeta e da colocação em marcha do seu motor de explosão, o automóvel Panhard & Levassor - o primeiro a chegar a Portugal (importado de Paris pelo IV Conde de Avilez) -, enceta a primeira viagem dirigindo-se para Palmela. Com uma cilindrada de 1290 cc, potência de 4cv de 750 rotações por minuto, o automóvel atingia uma velocidade máxima de 20 km por hora.
À entrada da vila, surge um burro no meio da estrada e daí recusa-se a arredar com a sua típica teimosia. O choque é inevitável e do atropelamento resulta a morte do burro. O dono vê-se então recompensado da sua significativa perda com a quantia de dezoito mil réis, o triplo do valor de um burro naquela época.
A chegada do Panhard & Levassor ao seu destino, Santiago do Cacém, causou enorme sensação e pasmo entre os habitantes da pacata localidade.
Na sequência de uma sucessão de trocas de veículos entre proprietários, o Panhard & Levassor foi anos mais tarde descoberto por Alfredo Duro num barracão da Garagem Auto-Palace no Porto onde tinha sido deixado. Em 1954, os herdeiros de João Garrido, proprietário da Garagem Auto-Palace, doam o carro ao Automóvel Club de Portugal com a condição de não sair da cidade do Porto. O Panhard & Levassor foi, entretanto, recuperado segundo as suas características originais.
Destaca-se hoje na exposição permanente do Museu dos Transportes e Comunicações “O automóvel no espaço e no tempo” onde cerca de três dezenas de veículos clássicos ilustram uma viagem pela história do automóvel desde o seu surgimento, em 1886, até à contemporaneidade.
Artigo publicado no Jornal online "Porto 24", em 20.01.2014 -
http://www.porto24.pt/memoria/panhard-levassor-o-primeiro-automovel-chegar-portugal/