A ideia surgira alguns anos antes, fruto da experiência que os dois irmãos foram adquirindo na oficina que criaram em 1936, na vila de Parnik, para conserto de bicicletas. A primeira viatura do género que construíram data de 1943 e recebeu o nome de Oskar: incorporando diversas componentes de bicicleta, o veículo era composto por três rodas, estrutura tubular e forrado com folhas de metal.

Dois anos depois saem da empresa dos irmãos Stransky 12 destes veículos, incorporando agora motores de motociclos (com três tipos de motores diferentes: CZ de 150 cc, PAL de 300 cc e Jawa de 250 cc) e carroceria forrada a pergamoide. 

É, contudo, a partir dos anos 50 do século XX que a produção dos irmãos Stransky mais se desenvolve, num contexto em que várias outras marcas apostavam também neste segmento de construção de microcarros. 

De facto, as destruições provocadas pela Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) acarretaram maiores exigências financeiras às populações e consequente necessidade de economia de recursos. Este contexto, associado às necessidades das empresas de, para sua sustentabilidade, escoar as componentes da produção até aí vocacionadas para o cenário de guerra (nomeadamente a produção de aeronaves e aviões de combate), levaram à aposta na produção destes microcarros. 

Este fenómeno é particularmente notório na Alemanha, país profundamente marcado pelas consequências do conflito bélico. Poderemos citar a título de exemplo, o Messerschmitt KR 175, surgido na Alemanha e apresentado pela primeira vez em 1953; O Isetta da ISO, de origem italiana, cuja patente veio depois a ser adquirida pela germânica BMW e produzido a partir de 1955; o Heinkel Trojan, apresentado por Ernest Heinkel na Alemanha em 1954 e produzido a partir de 1956. 

Também na então Checoslováquia se fez sentir a necessidade de veículos motorizados de baixo consumo, tornando viável a comercialização do projeto dos irmãos Stransky, de preço bastante acessível.

Neste contexto, é constituída em 1950 uma sociedade cooperativa com uma pequena unidade industrial na cidade de Hradec Kralove, iniciando a produção. Denominada Velo, e mais tarde Velorex, esta unidade industrial foi responsável, a partir de 1951, pela produção de 120 exemplares do veículo triciclo de pequenas dimensões que adotou o seu nome – Velorex. O sucesso do projeto pode ser atestado pelo crescimento da sociedade que, em 1954, garante já a produção de 40 veículos por mês, ocupando 80 postos de trabalho, atingindo o auge de produção em 1959 com 120 exemplares por mês.

Redesenhado em 1963, o veículo assume a designação de “Modelo 16”, sendo já equipado com motores Jawa de 175 e 350 cc, procurando dar resposta à maior exigência do mercado e à concorrência de uma oferta cada vez mais diversificada. Não consegue, contudo, evitar a quebra significativa nas vendas que veio a ser responsável pela cessação da produção em 1971, ao fim de 21 anos de produção e de um total de cerca de 15.300 veículos produzidos.

Velorex, Modelo 16/175. E. 2014.2.1.
O Velorex, Modelo 16/175 de 1964, matrícula TT-89-44, encontra-se temporariamente exposto no núcleo dedicado aos microcarros na exposição permanente “O Automóvel no espaço e no tempo” do Museu dos Transportes e Comunicações (Alfândega do Porto), organizada em parceria com o Clube Português de Automóveis Antigos.


Artigo publicado no Jornal online “Porto 24”, em 29 de Agosto de 2014 - http://www.porto24.pt/memoria/velorex/