Museu dos Transportes e Comunicações

Lanterna usada em embarcações

13 de julho, 2016
Lanterna usada em embarcações |© António Chaves | Arquivo AMTC
Lanterna usada em embarcações |© António Chaves | Arquivo AMTC
Composta por cobre e latão, esta lanterna produzida na cidade alemã de Hamburgo possui lentes Fresnel e foi utilizada em embarcações no porto de Lisboa.
A luz do fogo que iluminava e aquecia os homens das cavernas tornou-se imprescindível na orientação dos navegadores de todos os tempos. O sol, a lua, as estrelas, as fogueiras e faróis nas zonas costeiras, o relógio de sol, as lanternas foram essenciais para o alargamento dos horizontes, para a descoberta do outro, de novos produtos, de novas culturas. A par do sol outras luzes ganharam, entretanto, enorme relevância no quotidiano de todos nós. Como exemplo temos os lasers que permitem as leituras dos códigos nos supermercados ou as mais modernas cirurgias oftalmológicas.
É sob o signo da luz que o Museu propõe como peça do mês uma Lanterna incorporada na coleção aduaneira, instrumento que permitia iluminar algumas das tarefas associadas à navegação e ao transporte de mercadorias. Segundo inscrição na parte superior da lanterna esta foi produzida por J.H. Peters & Bey.

Fundada em 1881, na cidade alemã de Hamburgo, a empresa J.H. Peters & Bey, é atualmente gerida pela 4.ª geração da família. Atuava originalmente no negócio do fornecimento de folhas metálicas e cozinhas de bordo para a marinha no porto de Hamburgo. Empenhada em contribuir para o reforço da segurança no mar a J.H. Peters & Bey começou também a desenhar e manufaturar luzes para navegação mantendo sempre elevados padrões de qualidade e inovação.
A lanterna em destaque é composta por cobre e latão, possui lentes Fresnel e deverá ter sido produzida entre as décadas de 20 e 40 do século XX. Tendo sido utilizada em embarcações no porto de Lisboa, integra o acervo da Alfândega de Lisboa, o qual, em conjunto com o acervo da Alfândega do Porto, ilustra a história das Alfândegas e da sua relação privilegiada com a cidade do Porto na exposição “Metamorfose de um Lugar: Museu das Alfândegas”.
Esta exposição patente num espaço nobre do segundo piso do Edifício da Alfândega Nova do Porto, com forte ligação visual ao Douro, ilustra, através de peças de mobiliário, instrumentos de trabalho, fardamentos, imagens e documentos bibliográficos diversos, as memórias das rotinas, dos sons e das vivências de outros tempos, os tempos em que o negócio se legitimava pelo poder da imposição do selo.

Edifício elegante, sólido e com boas condições de ar e luz, a Alfândega Nova do Porto passou, pela sua localização e dimensões, a condicionar a exposição de Miragaia à luz solar e a cumprir todos os trâmites do despacho das mercadorias zelando pelo cumprimento de todo o sistema legal aduaneiro. Pelas suas portas chegaram as novas tecnologias e maquinarias elétricas que permitiriam o rápido desenvolvimento das comunicações e dos transportes dos portuenses como ficou patente na 1.ª experiência com o telégrafo, em 1853, entre a Associação Comercial do Porto e a Associação Industrial da cidade ou a introdução da tração elétrica em 1895.

Destacando a lanterna usada nas embarcações, o Museu dos Transportes e Comunicações assinala 2015 como Ano Internacional da Luz e destaca a importância das tecnologias associadas à luz e o seu contributo ao nível do desenvolvimento sustentável e da busca de respostas para importantes desafios nas áreas da energia, educação, agricultura e saúde.


Ficha Técnica
Lanterna usada em embarcações. D.2006.2.333
Produzida, na Alemanha, por J.H. Peters & Bey provavelmente entre as décadas de 20 e 40 do século XX.

Artigo publicado no Jornal on-line Porto 24 em 28.01.2015 - http://www.porto24.pt/memoria/lanterna-usada-em-embarcacoes/