Museu dos Transportes e Comunicações

Máquina de Calcular Nova-Brunsviga II

Armazenar, verificar, calcular, cobrar impostos são alguns dos procedimentos básicos das Alfândegas

30 de agosto, 2016
Máquina de Calcular Nova-Brunsviga II | © António Chaves | Arquivo AMTC
Máquina de Calcular Nova-Brunsviga II | © António Chaves | Arquivo AMTC
Alfândega ou aduana (do árabe al-funduq, estalagem; alojamento de mercadores e mercadorias), designa um organismo governamental oficial de controlo do movimento de entradas e saídas de mercadorias e de cobrança dos devidos tributos.
Armazenar, verificar, calcular, cobrar impostos são alguns dos procedimentos básicos das Alfândegas. A peça que o Museu destaca integrou em pleno a função aduaneira e ilustra precisamente a tarefa de contar e calcular.

A máquina de calcular Nova-Brunsviga 105293 Mod.II, foi produzida pela empresa alemã Grimme, Natalis & Co, entre 1925 e 1934.
A Alemanha adquiriu em 1892 as patentes da calculadora Odhner passando, desde então, a produzir e a comercializar as máquinas de calcular sob a designação Brunsviga. A empresa passou a designar-se Brunsviga Maschinenwerke AG em 1927 e fundiu-se com a Olympia Werke AG, Wilhelmshaven em 1959. O nome Brunsviga está fortemente associado ao engenheiro Franz Trinks (1852-1931; inventor do ábaco escrito) que liderou as inovações da marca desde a sua fundação em 1892 até 1926.
Apesar da sua dimensão e peso (12,1 Kg) a Nova-Brunsviga II tornou-se bastante popular tendo sido produzidos 10.000 exemplares. Enquanto as máquinas de somar apenas realizavam adições, as calculadoras concretizavam somas, multiplicações e divisões, permitindo obter dados essenciais para a construção de gráficos e elaboração de estatísticas.

A máquina de calcular, que aqui se destaca como peça do mês, integra a exposição permanente “Metamorfose de um Lugar: Museu das Alfândegas”, núcleo museológico dedicado à memória do lugar, à história aduaneira e à renovação do Edifício da Alfândega Nova do Porto.
A história das alfândegas portuguesas conta com vários séculos sendo testemunho disso a designação “portos secos, molhados e vedados”, cuja distribuição no terreno configurava já o mapa territorial de Portugal, um dos mais antigos da Europa se considerarmos a relativa estabilidade das fronteiras terrestres desde então. O Porto desenvolveu historicamente um papel amplo e ativo neste jogo das trocas comerciais. Aqui afluíram gentes e mercadorias de longa distância, animando a vida urbana e a atividade portuária.

O antigo quotidiano alfandegário gastava-se no vislumbrar das coisas, no guardar cioso do numerário, na marcação do tempo, na prova de registo oficial, na verificação de pesos e medidas das “fazendas” ou no escrever e contar já mecanizados.
Se no passado a Alfândega Nova do Porto, no contexto das suas funções aduaneiras contava e produzia cálculos em torno das mercadorias que por si passavam, hoje a Alfândega Nova, enquanto “casa” do Museu dos Transportes e Comunicações, conta histórias e conta visitantes, ou antes, conta com os seus visitantes no projeto em curso de fazer da Alfândega uma autêntica “Casa da Comunicação”, em espaço de encontro, de diálogo, de experimentação e construção de novos conhecimentos.

Artigo publicado no Jornal on-line Porto 24 – 09.11.2015 - http://www.porto24.pt/memoria/maquina-de-calcular-nova-brunsviga-ii/