Museu dos Transportes e Comunicações

Novela Aduaneira XX

O Porto e a sua Alfândega

7 de julho, 2022
Alfândega Nova do Porto © Arquivo AMTC
"Em obediência ao imperativo de busca do equilíbrio no binómio Alfândega/Porto, surge, no auge do liberalismo novecentista, um movimento para se encarar de frente, a construção de uma nova alfândega, nas margens do Douro, adequada às coevas e profundas transformações no domínio dos transportes e do comércio e à nascente revolução industrial.
O director da Alfândega, António Joaquim da Costa Carvalho, barão de S. Lourenço, envia à rainha D. Maria II uma carta datada de Março de 1840 onde se poderá ler:

«…A principal circunstância de que depende a regularidade do serviço é, por certo, a construção de uma nova alfândega, apropriada ao vasto comércio desta Heróica cidade (…).»

A construção do novo edifício só foi iniciada em 1859 continuando até 1869 ano em que foi inaugurado.

Satisfazendo as instantes reclamações da população e das próprias autoridades, foi o Governo autorizado a contrair um empréstimo de 300 contos para a construção de uma alfândega condigna da cidade do Porto, operação que se realizou pelo Banco Comercial do Porto em 10 de novembro de 1859.

Depois de larga discussão nos jornais, reuniões públicas e de vários debates, foi escolhida a praia de Miragaia – onde desaguava o rio Frio – como local apropriado e foi incumbido do ante-projeto o arquitecto francês Colson que prestava serviço no Ministério das Obras Públicas.

Esta importante construção para a qual deram a medida o seu valor e talento muitos engenheiros portugueses foi inaugurado em 14 de Maio de 1869.

Assente sobre estacaria, elevando-se sobre o que foi a praia de Miragaia, junto à igreja de S. Pedro, o grande imóvel levou a uma profunda alteração urbanística do local com a construção da rua Nova da Alfândega onde se foram elevando belos edifícios, bem característicos do Porto liberal do século XIX, destinados a empresas ligadas à navegação, seguros, despachantes, tudo num arranque moderno de uma cidade então próspera."

Texto de Júlio Manuel da Costa Ferro, Reverificador Assessor, in Alfândega Revista Aduaneira nº 4/86

Fotografia: Alfândega Nova do Porto © Arquivo AMTC