Cem anos volvidos sobre o início da I Guerra Mundial (1914-1918), o Fulerfone é testemunho do engenho humano ao nível da criação de meios tecnológicos que permitiram estabelecer a comunicação entre as tropas nas trincheiras e os apoios na retaguarda, mesmo nos contextos mais adversos.
Em Setembro de 2014 completar-se-ão 100 anos sobre o início da I Guerra Mundial. De modo a responder às urgentes necessidades de comunicação do contexto de guerra, muitas foram as inovações que contribuíram para o desenvolvimento de tecnologias que ainda hoje cumprem um importantíssimo papel.
O Fulerfone - telefone móvel de campanha, da marca Ericsson, fabricado em 1916, na Grã-Bretanha, por D. Stocs (Edimburgo) - cumpriu a sua missão no contexto da I Guerra Mundial, desempenhando um papel de relevo em termos de transmissão e receção de sinais de fonia e de grafia, por meios filares, em campanha.
O equipamento é constituído por um bloco integrado em bolsa de couro com bandoleira para transporte e está equipado com um micro auscultador extensível, um auscultador auxiliar e um manipulador de Morse para transmissão de sinais de grafia.
A particularidade deste equipamento reside no facto de permitir simultaneamente a transmissão e receção de mensagens de voz e de grafia através do recurso ao Código Morse. Em cenário de guerra, a sua dupla valência afirmava-se como fundamental em termos de manobra de defesa, já que o aparelho, que implicava sempre o uso de fio, não permitia a mesma utilização em contexto de ataque devido aos deslocamentos.
Esta caraterística de autêntico “dois em um” garantiu a sua longevidade vindo o Fulerfone ainda a ser muito utilizado na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e pelas tropas portuguesas até à década de 50 do século XX, especialmente em missões de instrução, manobras e exercícios militares.
O aparelho agora em destaque é propriedade do Exército Português – Regimento de Transmissões do Porto (RTPorto), e foi cedido ao Museu dos Transportes e Comunicações no contexto da exposição COMUNICAR, na qual ilustra a evolução dos meios de comunicação no núcleo “Mensageiros”.
Numa abordagem inovadora e interativa, a exposição COMUNICAR sublinha a comunicação como um ato universal e uma necessidade antropológica, uma aproximação ao Outro, em que o Homem procurou, ao longo do tempo, socorrer-se também de invenções tecnológicas que lhe permitissem sempre chegar mais longe e mais depressa.
Artigo publicado no Jornal online "Porto 24", em 17.02.2014 -
http://www.porto24.pt/memoria/fulerfone-autentico-dois-em-um-destaca-se-na-guerra-mundial/