Museu dos Transportes e Comunicações

Mini: um utilitário de sucesso”

14 de novembro, 2016
Mini Morris 850cc (1967) | © Arquivo AMTC
Mini Morris 850cc (1967) | © Arquivo AMTC
Um automóvel pode ser um utensílio de trabalho, um objeto de culto, um símbolo de poder ou de contra poder.
Produzido em 1967, o modelo Morris 850 de cor verde integra o espaço dedicado aos utilitários na exposição “O automóvel no espaço e no tempo”.
 
Um automóvel pode ser um utensílio de trabalho, um objeto de culto, um símbolo de poder ou de contra poder. Pode ser económico ou dispendioso, prático ou simplesmente bonito. Além de revolucionar a forma como as pessoas se movimentam, o automóvel revoluciona também a forma como as pessoas vivem. A economia, a indústria, o ar que respiramos e até a forma como nos comportamos estão sempre relacionados com a existência, ou não, desta máquina. Para uns, o automóvel é uma obra de arte. Para outros, não passa de uma máquina ruidosa e poluente.

A Europa após a II Guerra Mundial encontra na indústria automóvel um fator de desenvolvimento económico. A indústria militar adapta-se, apoiada pelas ajudas financeiras do Plano Marshall. Marcas como a FIAT na Itália, a Volkswagen na Alemanha, a Citroën, Peugeot e Renault na França, a Austin e Morris na Inglaterra, vão contribuir decisivamente para o relançamento dos seus países no panorama económico mundial.

Na década de 50 do século XX, a produção de automóveis em massa será direcionada para a construção de veículos de mecânica simples. A classe média emergente procura pequenos veículos, familiares e utilitários que permitem cada vez maior autonomia e funcionalidade. O VW “carocha”, o 2CV, o Renault 4, o Fiat 500 e 600, o Morris Minor, são exemplos de grande sucesso.

É neste contexto que assistimos, em 1957, à génese do mítico Mini pela mão de Alec Issigonis, engenheiro greco-britânico de topo da Morris, a pedido do diretor da empresa Leonard Lord. O seu projeto consistia num carro de dimensões contidas (3,6m), económico, para fazer frente à crise petrolífera que atingia a Europa, mas que, simultaneamente, conseguisse concorrer com modelos de maiores dimensões transportando confortavelmente 4 passageiros. O carro é revolucionário para a época apresentando tração dianteira e motor transversal, solução completamente inovadora até então.

A 26 de agosto de 1959 o Mini foi apresentado ao público com duas denominações – Austin Seven e Morris Mini Minor – e colocado à venda por 496 libras. Aos modelos iniciais juntam-se as versões carrinha, Countryman, Traveller e Van. O Mini Moke, inicialmente produzido para uso militar, acabou por ser colocado à venda para o público em geral. Em 1960 são produzidos 116.677 minis nas fábricas da Morris em Cowley e na Austin em Longbridge.

Os anos 60 foram uma época de estabilidade económica. O pleno emprego, o aumento do nível de vida e o consequente apelo ao consumo contribuíram decisivamente para a massificação do automóvel. A conceção e produção de pequenos veículos utilitários atingiram o apogeu. Desejado por todos, o Mini estreia-se em 1969 no cinema, conquista a Rainha de Inglaterra e até a mítica banda “The Beatles”.
Em 1965 já tinham sido construídos mais de um milhão de Minis e ao entrar na década de 70 já se contabilizam mais de dois milhões de unidades. Em maio de 1984 é celebrado o 25.º aniversário do Mini sendo lançada uma série especial comemorativa, o Mini 25. A 4 de outubro sai da linha de produção o último Mini com o número 5,387,862 já com a BMW como detentora da mítica marca.

O modelo Morris 850cc, de 1967, que aqui destacamos, foi produzido em Inglaterra e atinge um máximo de 115 km/h. De cor verde escura, tom que lembra o típico “british country”, integra a exposição “O automóvel no espaço e no tempo” patente no Museu dos Transportes e Comunicações. Junto com outros modelos de finais do século XIX e do século XX, o Mini ajuda a ilustrar a história deste meio de transporte que tantos amores e desamores tem despertado desde o primeiro modelo automóvel registado na Alemanha em 1886.

Texto adaptado a partir do catálogo “O Automóvel no Espaço e no Tempo” – Exposição Permanente.
Artigo publicado no Jornal on-line Porto 24 – 12.03.2015 - http://www.porto24.pt/memoria/mini-comemora-55-o-aniversario/