Museu dos Transportes e Comunicações

Novela Aduaneira XXI

A construção da Alfândega Nova comentada por André Rebouças* (parte I)

3 de janeiro, 2023
Alfândega Nova do Porto © Arquivo AMTC
Em setembro de 1872, as obras da nova Alfândega do Porto foram visitadas pelo brasileiro André Rebouças, que sobre elas escreveu um relatório particularmente interessante, não só por mencionar detalhes sobre fornecedores e materiais empregues, mas também por fazer paralelismos com outros edifícios alfandegários da época.
"A Alfândega do Porto acha-se ainda em construção quando terminada será um soberbo edifício, por certo o mais importante desta bela cidade. Acha-se situada na margem direita do Douro, no bairro denominado «Miragaia». As obras terrestres da Alfândega foram encetadas em setembro de 1859. Quando as visitei, em setembro de 1872, estavam terminados o corpo central e o grande armazém de oeste; trabalhava-se então na construção do grande armazém simétrico de leste.

(…)

O corpo central do edifício da Alfândega apresenta uma certa majestade: três altas portas, ocupando a altura de dois pavimentos, e sobre elas três grandes janelas de arco com gradil de ferro geral e um frontão triangular, constituem a parte média da fachada; cada flanco tem cinco janelas, em cada um dos pavimentos superiores, e três portas e duas janelas no pavimento térreo.

A construção do edifício é esmerada: nele se acham repetidos muitos detalhes dos grandes armazéns das docas de Marselha, que eram consideradas, até os últimos tempos, modelos neste género.


Texto de Francisco Queiroz in “Alfândega do Porto 1869-2019”, Edição AMTC, Porto, 2019, pag. 150

*André Rebouças (Brasil 1838/Funchal 1898): engenheiro, inventor e abolicionista brasileiro. Em 1889, após a proclamação da República, acompanha a Família Imperial Brasileira no seu exílio na Europa.

Fotografias: Alfândega Nova do Porto © Arquivo AMTC