Museu dos Transportes e Comunicações

Máquina de Calcular Nova-Brunsviga II

Armazenar, verificar, cobrar taxas

20 de outubro, 2021
Máquina de Calcular Nova-Brunsviga II
Alfândega ou aduana (do árabe al-funduq, «estalagem; alojamento de mercadores e mercadorias) 1), designa um organismo governamental oficial de controlo do movimento de entradas e saídas de mercadorias e de cobrança dos devidos tributos.
Armazenar, verificar, calcular, cobrar impostos são alguns dos procedimentos básicos das Alfândegas. A peça que se destaca integrou em pleno a função aduaneira e ilustra precisamente a tarefa de contar e calcular.

A máquina de calcular Nova-Brunsviga 105293 Mod.II, foi produzida pela empresa alemã Grimme, Natalis & Co, entre 1925 e 1934. A Alemanha adquiriu em 1892 as patentes da calculadora Odhner passando, desde então, a produzir e a comercializar as máquinas de calcular sob a designação Brunsviga. A empresa passou a designar-se Brunsviga Maschinenwerke AG em 1927 e fundiu-se com a Olympia Werke AG, Wilhelmshaven em 1959. O nome Brunsviga está fortemente associado ao engenheiro Franz Trinks (1852-1931; inventor do ábaco escrito) que liderou as inovações da marca desde a sua fundação em 1892 até 1926. Apesar da sua dimensão e peso (12,1 Kg) a Nova-Brunsviga II tornou-se bastante popular tendo sido produzidos 10.000 exemplares. Enquanto as máquinas de somar apenas realizavam adições, as calculadoras concretizavam somas, multiplicações e divisões, permitindo obter dados essenciais para a construção de gráficos e elaboração de estatísticas.

A máquina de calcular que se destaca como peça do mês integra a exposição permanente “Metamorfose de um Lugar: Museu das Alfândegas”. Núcleo museológico dedicado à memória do lugar, à história aduaneira e à renovação do Edifício da Alfândega Nova do Porto.

A história das alfândegas portuguesas conta com vários séculos sendo testemunho disso a designação “portos secos, molhados e vedados”, cuja distribuição no terreno configurava já o mapa territorial de Portugal, um dos mais antigos da Europa se considerarmos a relativa estabilidade das fronteiras terrestres desde então.

O Porto desenvolveu historicamente um papel amplo e ativo no jogo das trocas comerciais. Aqui afluíram gentes e mercadorias de longa distância, animando a vida urbana e a atividade portuária. O Porto guarda consigo a memória de “ter sido fundada esta Cidade no estéril e maninho, viver do seu tráfico e nela se fabricarem naus, ser comerciante, possuir ricas alfândegas para enobrecimento e honra do Reino de Portugal”. 2)

O antigo quotidiano alfandegário gastava-se no vislumbrar das coisas, no guardar cioso do numerário, na marcação do tempo, na prova de registo oficial, na verificação de pesos e medidas das “fazendas” ou no escrever e contar já mecanizados.

Se no passado a Alfândega Nova do Porto, no contexto das suas funções aduaneiras contava e produzia cálculos em torno das mercadorias que por si passavam, hoje a Alfândega Nova conta histórias e conta visitantes, ou antes, conta com os seus visitantes no projeto em curso de fazer da Alfândega uma autêntica “Casa da Comunicação”, em espaço de encontro, de diálogo, de experimentação e construção de novos conhecimentos.

Ficha Técnica
Máquina de Calcular Nova-Brunsviga II
Coleção Aduaneira – Alfândega de Lisboa, nº inv. D.2006.2.63

Fontes bibliográficas
1)    In Dicionário da Língua Portuguesa, 7ª edição, Dicionários Editora, Porto Editora, Porto, pag. 80
2)    Reis, Henrique Duarte e Sousa – Apontamentos para a verdadeira história antiga e moderna da Cidade do Porto, II Volume. Porto: BPMP, 1984, p. 114